Países europeus proíbem permanência de jovens nas ruas à noite para combater delinquência

Publicada em 23/05/2009 às 19h54m


Alarmados com o aumento da delinquência e do alcoolismo entre os jovens, alguns países europeus começam a adotar o toque de recolher para adolescentes como forma de combater o problema, informam as correspondentes Vivian Oswald, Graça Magalhães-Ruether e Priscila Guilayn em reportagens publicadas no GLOBO deste domingo.

Na Rússia, o presidente Dmitri Medvedev acaba de conseguir no Parlamento a aprovação de uma nova lei que permite a imposição do toque de recolher para o período das 22h às 6h aos jovens desacompanhados de maiores de idade. As restrições, no entanto, devem variar de cidade para cidade. Em Volgogrado (a antiga Stalingrado), as autoridades já anunciaram que pretendem implementar a lei ao pé da letra. Moscou também deve aderir, mas, pelo menos por enquanto, não tem a intenção de ser tão rígida. Na cidade que nunca dorme - há todo tipo de comércio aberto 24 horas por dia - existe apenas a recomendação aos pais de saber por onde andam os filhos no período vetado.

Em São Paulo, medida reduziu envolvimento de menores em crimes A proibição vale para locais públicos como bares, restaurantes, parques, transportes, cibercafés, estádios e praças. Mas pode ser estendida de acordo com a leitura das autoridades dos lugares que consideram prejudiciais para o "desenvolvimento físico, espiritual e moral" das crianças. Os jovens infratores desacompanhados poderão ser detidos. E os pais ou responsáveis terão que se entender com as autoridades e estarão sujeitos a multas.

Já na Alemanha, segundo a lei de proteção da juventude, uma das mais rigorosas da Europa, jovens de até 16 anos não podem andar nas ruas ou frequentar shows de rock, discotecas ou restaurantes depois das 22h. O toque de recolher para adolescentes entre 16 e 18 anos é meia-noite. A vida noturna de Munique, no sul da Alemanha, por exemplo, ficou mais pobre com o fechamento do famoso clube Maxsuite. O clube, o principal ponto de encontro dos jovens da cidade, perdeu a licença de funcionamento por ter permitido o ingresso de adolescentes de 15 anos.

Na Espanha, por sua vez, o alvo é o chamado "botellón" (garrafão), bebedeira multitudinária ao ar livre, em praças e parques de todo país, de onde alguns adolescentes saem diretamente para o hospital em coma alcoólico. Lei antiálcool aprovada em 2006 proibindo que se beba ao ar livre também procurou secar a fonte dos jovens: não se pode vender bebidas alcoólicas em lojas e mercados entre 22h e 8h. Se o estabelecimento infringir a norma e vender para um menor de idade, a multa é de 600 a 10 mil euros. No entanto, um estudo divulgado há dois meses pela Organização de Consumidores constata que a lei não está sendo respeitada: 75% das vezes os menores compram bebidas alcoólicas sem problemas.

O Globo

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