Reconhecer um pedófilo é tarefa difícil
Pedófilo. A palavra de origem grega, paidóphilos, significa literalmente “amigo da criança”. Conforme o termo, a pedofilia deveria ser apenas um sentimento de amizade de um adulto por um ser humano ainda em formação. Na prática, os pedófilos têm as crianças como objeto do desejo, fonte de prazeres sexuais.
Como distinguir o comportamento das pessoas que estão próximas das crianças? Mesmo com a divulgação de tantos crimes nos meios de comunicação, ainda é difícil ao leigo identificar o adulto que apresenta o desvio no comportamento sexual. O perigo é que o pedófilo pode ser o professor, o animador de festas, o técnico de futebol, o médico ou qualquer outra pessoa que tem fácil – e justificado – acesso ao universo infantil.
Identificar quem tenha desvios no comportamento sexual requer conhecimento específico
A pedofilia é conceito da área da psiquiatria que define uma perturbação mental no indivíduo. É resultado da história pessoal e de todo um contexto social. Os impulsos sexuais ocorrem de forma repetitiva e intensa durante um período de pelo menos seis meses, implicando geralmente na atividade sexual com uma criança. Esta característica o diferencia do popularmente chamado agressor sexual, que nem sempre é um pedófilo. “O termo pedofilia extravasou o domínio científico e passou para o léxico social, designando indiscriminadamente qualquer conduta de violência sexual contra crianças”, diz o psicólogo e licenciado em Letras, Marcelo Markes. Ele explica que os perfis psicológicos do pedófilo e do agressor sexual são diferentes. “Existe até uma filosofia de vida dos pedófilos que acreditam que a criança tem desejo sexual.
Eles não acreditam que a prática é crime, algo errado ou que faça mal à criança”. Os pedófilos, muitas vezes, nem têm contato genital. Eles fotografam, se excitam com a situação, podem limitar-se a despir e observar a criança, exibir-se, masturbar-se na presença dela ou afagá-la.
O abuso sexual, quando não é praticado por pedófilo, tem a característica de acontecer mais no ambiente doméstico. Normalmente é praticado pelo pai, padrasto, tio, avô ou pessoas próximas à família. Neste caso o agressor pode levar uma vida aparentemente normal. “O agressor sexual jamais se excitaria olhando a foto de uma criança tomando banho numa banheira. O universo psicológico dele envolve a sedução, a submissão daquela criança e pode envolver violência. Já os pedófilos, muitos deles recorrem à antigüidade grega para explicar seu comportamento, lembrando que a iniciação sexual da criança na Grécia era feita por um adulto, que nossas avós e bisavós se casavam aos 12 anos”.
O indivíduo classificado como pedófilo deve ter, no mínimo, 16 anos de idade. O diagnóstico não se aplica quando se trata de um indivíduo no final da adolescência envolvido num relacionamento sexual contínuo com alguém de 12 ou 13 anos. Na classificação por sexo, 98% dos pedófilos são homens e somente 2% são do sexo feminino. Outro dado divulgado é que 95% dos pedófilos são heterossexuais.
O perigo é a maneira dissimulada como se comporta o pedófilo. Eles desenvolvem verdadeiras “técnicas” para obter acesso às crianças. Muitas vezes o investimento começa na conquista da confiança da mãe da criança ou até mesmo no casamento com uma mulher que seja mãe de uma criança atraente. O tráfico de crianças e a adoção também são recursos aplicados, principalmente nos países miseráveis.
Outro alerta é que geralmente o pedófilo busca profissões que possam ter contato íntimo com crianças, como, monitores de acampamentos e clubes de lazer, professores, enfermeiros, médicos e outras. Normalmente ele usa como arma de sedução o suborno material ou afetivo. “O pedófilo tem uma sensibilidade grande em perceber o ponto fraco da sua vítima, explorando a curiosidade infantil e o interesse por atividades lúdicas”, alerta o psicólogo.
Emasculados – O assassinato e castração de 12 meninos em Altamira suscitaram o debate acalorado sobre o assunto. Muito debate e poucas conclusões sobre as motivações de uma pessoa que mata friamente. O polêmico julgamento resultou na condenação dos médicos Anísio Ferreira de Souza e Césio Brandão, do ex-policial Carlos Alberto e do comerciante Amailton Madeira Gomes. Valentina de Andrade, líder da seita Lineamento Universal Superior (LUS), apontada pelo Ministério Público como a co-autora intelectual das mortes e castrações de cinco meninos, foi absolvida. Em abril deste ano foi o mecânico de motos Francisco das Chagas Rodrigues Brito, de 34 anos, que admite ser o autor de 28 mortes de crianças no Maranhão, que indignou aos paraenses quando confessou também ter matado 12 crianças em Altamira. Os crimes ocorridos nos dois Estados apresentam semelhanças, porém Francisco das Chagas afirmou matar os meninos, sem castrá-los. As perguntas que persistem são relacionadas aos motivos destes crimes: rituais satânicos? Desvios no comportamento sexual dos agressores?
É importante esclarecer que nem sempre a prática da pedofilia está relacionada a assassinatos. Marcelo Markes diz que o pedófilo normalmente não mata sua vítima. “Mas há relatos de pedófilos que cometem assassinato para evitar que sejam descobertos e punidos. É uma medida de segurança para sobreviver ao ato e continuar livre e impune para continuar a satisfação de seus impulsos sexuais”, diz. A literatura especializada aponta os serial killers como os criminosos que, na maioria das vezes, relacionam seus atos à perversão sexual.
O caso de Francisco das Chagas Rodrigues Brito, na opinião de Marcelo Markes, pode ser a soma de comportamento de serial killer e pedófilo. Isto, caso as investigações confirmem a responsabilidade de Francisco pelos crimes. O psicólogo diz que, mesmo quando não há um contato genital, o ato de matar pode ser considerado uma fonte de prazer sexual para o assassino.
Vizinha nunca desconfiou da conduta de fotógrafo acusado de pedofilia
O fotógrafo Pedro Cristalino Almeida, preso em flagrante na última segunda-feira por estar na companhia de uma menor de 10 anos que o acusou de “passar a mão” no corpo dela, também é acusado por outra jovem que teria sido abordada por ele. Uma estudante de16 anos, residente na Rua Ajax de Oliveira, a mesma onde mora o acusado, ao tomar conhecimento da notícia publicada nos jornais, afirmou que foi fotografada por Pedro Almeida enquanto participava de um desfile. Dias depois ele a teria convidado para buscar a fotografia em sua casa. Isto aconteceu há três anos.
“Ele me convidou e eu não fui porque minha mãe me ensinou a não dar atenção aos estranhos. Até pouco tempo ele disse que me daria a fotografia no meu aniversário”, diz a estudante. A mãe da estudante, que prefere não divulgar o nome em jornais, já conhecia o acusado e nunca desconfiou de sua conduta e nem sabia que ele trabalhava como fotógrafo.
“Ele me convidou e eu não fui porque minha mãe me ensinou a não dar atenção aos estranhos. Até pouco tempo ele disse que me daria a fotografia no meu aniversário”, diz a estudante. A mãe da estudante, que prefere não divulgar o nome em jornais, já conhecia o acusado e nunca desconfiou de sua conduta e nem sabia que ele trabalhava como fotógrafo.
Pedro Cristalino Almeida negou a acusação de pedofilia feita por Raimundo Rodrigues Muniz, pai de criança de 10 anos encontrada sozinha na casa do fotógrafo que também é juiz de futebol amador. “A situação foi armada para me pegar. Eu não estava fazendo nada, estava vestido quando a polícia chegou”, diz Pedro, com aparência confusa e corpo inquieto. Ele foi detido pelo policial José Cláudio Matos Pinheiro, que foi levado à casa do acusado pelo pai da menina. Ao chegar na residência, o policial encontrou o acusado bastante nervoso e suado. Enquanto isso a menina vestia a roupa. Por isso foi feito o flagrante. No momento foram apreendidas fotografias de mulheres seminuas, inclusive uma da menor deitada numa cama. Na imagem, a criança está vestida.
Pedro, em entrevista, disse que já conhecia o pai da menina. Mas afirmou só ter conhecido a menor quando ela solicitou a fotografia. Em depoimento, a menina admitiu ter pedido para ser fotografada e disse que Pedro lhe ofereceu R$ 1 para, em troca, permitir ser tocada. A menina disse que Pedro deitou-se sobre ela. “Eu não deitei com ela”, defende-se o acusado, que além das fotografias, coleciona recortes de revistas e jornais em que aparecem mulheres jovens.
Fonte: O Liberal
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