O juiz Fernando Antônio de Lima explicou que a primeira fase do Toque de Acolher estava relacionada à imposição de limites e às fiscalizações. Já a segunda etapa, que teve início com a audiência, tem como objetivo a união das instituições para a efetivação das políticas públicas. O documento elaborado e formalizado no encontro desta semana servirá para estabelecer compromissos e responsabilidades
Chamando a atenção da sociedade, o delegado de polícia Miguel Micas, disse que a população deve participar mais, não apenas cobrar uma solução do poder público. “É preciso fazer um pouco mais que a nossa obrigação”.
Em seguida, o prefeito Edson Gomes e assessores iniciaram uma apresentação das ações desenvolvidas pelo município. Gomes disse que a primeira fase do Toque de Acolher foi um momento de reflexão. Falou sobre a expansão do ensino em tempo integral e do investimento de cerca de 30% do Orçamento na educação. O prefeito destacou o projeto que pretende desenvolver no antigo Clube Cais e afirmou que “já investe muito na criança e no adolescente”.

Foram apresentados projetos e programas desenvolvidos nas áreas da Cultura, Educação, Esportes, Saúde e Social. Além do município, ficou definido que também serão cobradas atitudes por parte do Estado e da União. O fato da realidade ilhense ser diferente de outras cidades também foi destacado. O delegado ressaltou que, em reunião com a Fundação Casa, foi destacado que Ilha tem um dos menores índices de internação da região.
Foi cogitada a instalação de uma instituição para tratamento e acompanhamento de jovens e adultos usuários de drogas e álcool. O presidente do CMDCA, Elias Vieira, lamentou a ausência de adolescentes na audiência, o que definiu como “adultocentrismo”, ou seja, a discussão de ações para crianças e adolescentes apenas por adultos.
Já a assistente social judiciária, Susi Ainhagne Donato, falou sobre a preocupação com as ações propostas e os prazos estabelecidos para a efetiva realização. Susi ressaltou a necessidade de fiscalização do plano. A presidente do CT, Amanda Carolina Martins de Oliveira, disse que é preciso rever todas as ações ofertadas e identificar aquelas ainda não concretizadas. Amanda falou ainda em “transferência de responsabilidade” da família para o poder público.
O prefeito concordou com a posição da presidente do CT e disse que “a família é a grande responsável por tudo isso”. Gomes falou em otimização das entidades, principalmente no quesito recursos humanos. Segundo ele, é preciso aprimorar as ações. “Há uma falta de definição na área social”.
O promotor José Vieira da Costa Neto, de Votuporanga, que está respondendo pela Promotoria local, disse que os problemas com os jovens são comuns na região e no Estado e que a estruturação da família é um dos fatores, mas que também passa pela falta de educação. Em resposta, a supervisora de ensino, Marilena Feltrini, disse que o município oferece instruções de ética e formação de valores, disse ter acompanhado boa parte da educação de Ilha Solteira que passou pela “decadência” e o “fundo do poço”.

Já o promotor Eduardo Martins Boiati, também de Votuporanga, e também temporariamente em Ilha Solteira, disse que as iniciativas terão o apoio do Ministério Público, “sem interferência, mas sem deixar que se omitam”. Sobre educação, o promotor disse que é preciso resgatar a “autoridade escolar” e que “não adianta esperar que o juiz vai resolver todos os problemas”. Para o promotor Eduardo, outra causa para a situação atual é a “prepotência do adolescente” e disse que é preciso estabelecer limites. O promotor considerou ainda que deve-se manter o foco no futuro, para definir ações que venham surtir efeitos.

O juiz resumiu a audiência dizendo que “o objetivo de hoje não é culpar alguém. É de ouvir sugestões da sociedade civil, das instituições e fixar as responsabilidades de todos, não só dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. É de formar uma rede de garantias de direitos, onde todos possam trabalhar com um único objetivo.
Fonte:www.ilhasolteira.net/blog/editorias.php?editoria

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