Senhores(as), ontem eu estive num lugar diferente e, simplesmente, IMPRESSIONANTE!!!

Na terça-feira o Deputado Sargento Isidório, após ter feito pronunciamento exaltando a magistratura baiana, me convidou para visitar sua Fundação Dr. Jesus que trata de viciados em drogas e álcool. Como eu tinha curiosidade sobre o local; por já ter encaminhado alguns dependentes químicos de Entre Rios e Canavieiras para tratamento; e pelas denúncias feitas por Mário Kertesz na Rádio Metrópole, resolvi ir conhecer. Fui com um promotor de Lauro de Freitas, o Delegado que responde pela coordenadoria de Eunápolis (meu irmão), um advogado (também meu irmão), meu pai, meu assessor e o Pastor de minha igreja.

É O TIPO DE LUGAR QUE TODOS NÓS DEVERÍAMOS CONHECER!!!!! É impressionante o que é feito naquele local.

Para início de conversa, basta dizer que o DEPUTADO reside junto com os internos. Ele, a esposa, a genitora, os 4 filhos e filhas, genros, noras e netos. SIM, todos residem na Fundação Dr. Jesus. Ele não tem outra moradia. Todos almoçam da mesma comida dos internos (a comida é espetacular). No local não tem grade para impedir fuga etc. Ficamos todos juntos, circulando no meio dos internos e todos são muito respeitosos. Não senti qualquer resquício de medo naquele lugar. Ao contrário, me senti mais seguro do que dentro do fórum.

O convênio com o Estado encerrou em agosto do ano passado. O Deputado está sustentando tudo aquilo com dinheiro próprio e com ajuda de pessoas que conheceram o seu trabalho. O Governo suspendeu o novo convênio à espera da investigação da GAECO (mencionada abaixo) e já está para reativá-lo. Ninguém paga nada pelo tratamento. É tudo gratuito. O custo mensal deve ser absurdo.

Hoje eles estão com cerca de 800 alunos. Tem filho de gente grande da área jurídica, filho de prefeito, filho de ninguém etc (todos tratados do mesmo jeito). Todos viciados em crack, cocaina, álcool, oxi etc. Muitos deles viviam debaixo de viadutos, na sarjeta, morando nas ruas. Conheci um rapaz que cursava “Engenharia de Automação Industrial” na UFBA e, por conta das drogas, abandonou o curso e a família para ir morar nas ruas. Disse-me que estava quase morrendo quando alguém o convidou para ir para a Fundação. Vcs não acreditam como o rapaz está hoje: sadio, contente, alegre, e já se preparando para retomar os estudos. Conheci um advogado, presente no local, que antes morava debaixo de um viaduto, usuário de drogas, e hoje está totalmente recuperado e formado. Em dado momento eu estava com os olhos cheios de lágrimas. Olhei para o lado e vi o Delegado, o Promotor, os advogados, o médico (lá tinha um neurologista visitando) e todos os visitantes com os olhos vermelhos, com vontade de chorar.

A organização e disciplina do local me chamou a atenção. Sabe-se o quanto é difícil manter a disciplina em Delegacias e Presídios. Na fundação todo mundo chegou do mesmo jeito que os que habitam os presídios, mas lá todos cumprem horário e são educados e disciplinados. Acordam às 05:30h, tomam banho cedo, escovam os dentes, tomam café, fazem as atividades físicas, participam do culto das 11h, almoçam (o almoço merece um capítulo especial), descansam, jogam bola ou outra atividade de distração, retornam para o banho, descansam e, ao som da buzina , às 21h, o silêncio impera, pois todos estão em suas camas para dormir. Tudo na mais perfeita organização e disciplina. Todos eles quando se dirigem ao próximo usam o tratamento de “senhor”, num sinal de respeito. Eles me disseram que usam esse tratamento porque já foram tão destratados na vida que ali eles se sentem “príncipes”.

No dia de minha visita a Fundação estava recebendo 12 novos alunos. No mesmo dia tinha alguns completando o ciclo de 9 meses de tratamento. Aqueles estavam acabados, sujos, magros, desconfiados, aspecto cadavérico, sem querer sequer dar um aperto de mão no Deputado. Os que estavam de saída estavam fortes, sadios, sorridentes, agradecendo e abraçando o Deputado pela chance de voltarem a viver.

Na hora do almoço eu vi 800 homens sentados, em mesas com quatro cadeiras cada, TODOS EM SILÊNCIO para não perturbar o horário de almoço do próximo (fiquei tão impressionado que filmei a cena). Eles estão mais educados que nós.

O Deputado tem uns porretes, que a imprensa denunciou muito. Esses porretes ele chama pelos nomes (Paulo, Teresa etc). Eu compreendi que aquilo tudo é um teatro que ele faz para os que estão chegando. Ele, durante a reunião com os novos alunos e familiares deles, diz que aqueles porretes é para ajudar na disciplina e que muitos bagunceiros já apanharam naquele local. Mas, depois que os novos alunos saem da sala e explica aos familiares que aquilo tudo é um teatro e que, pela experiência dele, isso ajuda a fazer com que os novos alunos tenham receio de sair da linha. Conversei com o pessoal que já estava na Fundação há mais de 2 meses e eles me disseram: “Dr. Eu acho que o Deputado fala isso apenas para nos assustas, pois ninguém aqui nunca apanhou, mesmo quando faz bagunça”. Eu fiquei a me dizer: ele realmente precisa de alguma coisa para fazer aquele monte de homens, todos traquejados, todos com antecedentes, todos acostumados à violência, obedecerem as regras. Esse teatro dos porretes ajuda a mantê-los quietos, com medo, por uns 2 meses, tempo suficiente para o cara começar a acostumar com as regras e ficar quieto pelo respeito. Como disse o Deputado: “Dr, eu não posso vacilar. Eu moro aqui com minha família. Pela tarde eu vou para a Assembléia e deixo minha mulher, filhos, netos, mãe, no meio dessa gente. Não posso ir para nenhum outro lugar, de domingo a domingo, para ajudar a manter a calma”. O método é estranho e diferente, mas dá certo. Alguns podem dizer que isso fere a dignidade da pessoa humana. Eu respondo: E você se preocupou com a ausência de dignidade quando eles estavam morando debaixo do viaduto, se drogando, prostituindo, roubando e matando???? Eles nem tinham dignidade!!!!! O que você fez por eles, ou pelos que ainda estão na miséria, nas drogas?? Você os colocaria dentro de sua própria casa??????????????? Eu acho que a única coisa que eles tinham nas ruas era a privacidade, pois eu e você não os enxergávamos quando passávamos em nossos carros. Eles eram invisíveis. Debaixo dos viadutos, nas praças, nas calçadas eles usavam drogas, transavam com menores, engravidavam, roubavam e matavam!!! O que nós fazemos???? fechamos o vidro do carro e aceleramos. O Deputado Pastor Isidório vai lá, senta com eles, conversa, abraça e leva para a Fundação para, ao final, receber o abraço de agradecimento. Quem somos nós para cobrar dignidade.

O pedreiro que trabalha em minha casa não tem as mãos tão calejadas como a do Deputado Isidório. Ele mesmo ajuda na construção da piscina (uma mega piscina), da quadra poliesportiva, dos alojamentos, consertando tubos. Ele não fica apenas administrando. É ele que puxa a fila da comida, do alojamento, do banho etc, com um megafone nas mãos. No dia da votação do nosso subsídio, eu vi as mãos dele ainda com resquícios de cimento. Na hora eu não percebi o que era, mas quando o ví atuando na Fundação eu compreendi.

Um professor (da UFBA) doutor em Neurologia esteve no local com uma equipe multidisciplinar para elaborar relatório, visando subsidiar as denúncias da imprensa baiana. O cara saiu de lá chorando e fez um relatório muito bonito sobre o local. Ele fez 3 “visitas surpresa” e numa delas encontrou a Fundação vazia. Ele disse: “tá vendo que isso é obra de fachada”. Um dos poucos internos no local o levou até uma praia em Madre de Deus e lá encontrou o Deputado e todos os internos tomando banho numa praia deserta. O médico relatou que ficou assustado com a cena e, ao mesmo tempo, emocionado. Eu tenho a cópia do relatório que ele fez, falando bem da Fundação (posso digitalizar e enviar para quem solicitar).

O GAECO (grupo do Ministério Público) investigou a Fundação e, inclusive, infiltrou pessoas no local para saber o que se passava. No final, fez um relatório que mais parece uma “carta de recomentação”. Eu vi o relatório, mas ainda não tenho a cópia. Assim que conseguir, posso enviar para vocês.

GENTE, é de impressionar qualquer pessoa. Difícil não chorar naquele local. Vale a pena visitar. Vou levar cada um que se disponha. Os juízes, promotores, advogados, delegados, políticos, empresários, enfim: a sociedade, precisa conhecer quem efetivamente ajuda no combate à violência, para podermos dismistificar muita coisa errada que se fala do local. A gente às vezes destina dinheiro para coisas menos importantes. Um lugar daquele merece nosso apoio e ajuda.

Imaginem se aqueles 800 homens (e os milhares que já saíram de lá recuperados) estivessem nas ruas roubando, matando, drogando etc???? Ia ser o desastre. Mas hoje eles estão falando em Deus, falando coisas boas, todos com expectativa de voltar para a família, sorrindo, sadios etc.

Dr. Bira Mangabeira (Neurologista), dono de uma rede de clínicas em Salvador, visitou o local e, segundo me disse, ficou “tão tocado” que constantemente está atendendo gratuitamente no local (no dia de minha visita ele estava lá), além de fazer outras obras de caridade em suas clínicas. No final de semana passada ele levou uma equipe com mais de 10 médicos para trabalhar no local. Tem psicólogo, assistente social, médico, advogado etc, prestando ajuda gratuita aquelas pessoas.

TEMOS QUE FAZER NOSSA PARTE!!!!!!!!!!! Nem eu, e poucos de vocês, faz metade do que o Deputado faz pelos “seres invisíveis” (palavras do professor doutor neuroligista da UFBA). Eu já conheci muita obra social, mas nenhum se assemelha. A dedicação daquele homem é total!!!!!!!!

Nas próprias palavras do Deputado: SÓ SENDO DOIDO PARA TOPAR UMA PARADA DESSA. Mas, ele topou e está fazendo muito bem a tarefa.

Quem quiser visitar o local, basta entrar em contato direto com o gabinete do Deputado (71 3115-5368).

Quem tiver pessoa dependente de drogas ou álcool, com vontade de se curar, pode encaminhar GRATUITAMENTE para a Fundação.

Eu reafirmo: fiquei positivamente impressionado com a Fundação Dr. Jesus.

Salvador-BA, 20 de abril de 2013.

Anderson de Souza Bastos
- Juiz de Direito -

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