Tribuna da Bahia
Publicado em 12/06/2009
Por Roberta Cerqueira

Faltando três dias para entrar em vigor a portaria que limita o horário na rua para jovens com idade menor de 18 em Santo Estevão é esperado com ansiedade por professores, pais, alunos e demais habitantes da região. A determinação judicial que será fiscalizada pela polícia em período noturno quando mais incide a marginalidade e a prostituição tem o intuito de distanciar a faixa etária das ilicitudes. Traficantes têm assediado e inserido estudantes no mundo das drogas e outras práticas criminosas, principalmente na zona rural.
A cada queixa registrada na delegacia local por parte da direção dos colégios e os corruptores invadem as salas de aulas a mão armada para fazer ameaças. “Estamos em pânico. Se reagir e procuramos à polícia somos ameaçados de morte, as aulas são suspensas porque os vândalos invadem a sala para espancar ou assaltar. No bando tem dois menores de 17 anos. Eles estão sempre armados com revólveres, facas e estiletes”, declarou a diretora da Escola Municipal Professora Neusa Maria Pires Araújo, Janete Moura Teixeira, localizada na zona rural de Santo Estevão, a 157 km de Salvador.
Com medo, a diretora procurou o Juiz Substituto da Vara Única da Comarca de Santo Estêvão que abrange Antonio Cardoso e Ipecaetá, José Souza Brandão Netto, autor da portaria de número 009/2009 fez a seguinte recomendação. “Eu a aconselhei pedir remoção para outra escola porque a localização da escola é na zona rural, deserto, distante do centro da cidade onde fica a delegacia. Por precaução, sugeri inclusive acompanhamento policial já que ela deu queixa e está visada”.
A consolidação do domínio do tráfico e o crescimento de delitos envolvendo jovens com idade menor de 18 seja como vítima ou autor é a grande razão para a portaria no município baiano, segundo o Juiz Brandão. “No início do mês de maio houve um crime às 2 horas que resultou na morte de um jovem de 17 anos. Com a portaria em vigor, esse e outros adolescentes não estariam vagando e se expondo. Lugar de criança e adolescente é na escola, estudando e não circulando de madrugada na rua quando os delitos acontecem com maior incidência, quando o tráfico articula”.
Por causa da constante ação do tráfico de drogas, alguns alunos têm faltado a pedido dos pais por temer as conseqüências. “Na quarta-feira passada mesmo, eles jogaram duas bombas que danificaram o teto e quebraram uma vidraça. Anteriormente, o vice-diretor foi ameaçado com um facão. Espero que com a portaria que regulamenta o toque de recolher acho que vai melhorar, pois assim menos jovem serão levados para o tráfico”. A funcionária de uma fábrica de calçados e mãe de três alunos da Escola Neusa Maria, Neuma Assis de Brito de Oliveira Cerqueira também torce para que comece logo a vigorar a portaria. “Com a portaria a fiscalização será constante e isso deve coibir a ação dos traficantes bem como afastar nossos filhos da criminalidade. Já orientei inclusive meus filhos para o toque de recolher”.

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